PNCF E A NEGAÇÃO DA REFORMA AGRÁRIA
Edson Veriato |
A Concentração de terras é um dos principais pilares das desigualdades
de distribuição de riquezas, renda e de oportunidade para o nosso povo.
constatando que o Brasil é o segundo País com maior concentração de
renda e riqueza, podemos afirmar que um País onde permanece esse nível
de desigualdade nunca crescerá plenamente e só beneficiara o grande
capital. Apesar dos pequenos avanços conquistados nos últimos anos na
implementação de politicas de distribuição de terra no Brasil é
vergonhosamente um dos dez Países do mundo em que a terra é mais
concentrada. O acesso a terra é fundamental para aqueles que vivem no
campo e não possuem um pedaço de chão para construírem com dignidade sua
própria trajetória de vida, A LUTA PELA TERRA é a principal abertura
para o desenvolvimento agrário no campo da agricultura famíliar no País,
garantindo qualidade de vida no campo.
O
primeiro conjunto de políticas agrárias neoliberais visa conhecer a
posse das terras, organizar os negócios, cadastrar e registrar a
propriedade da terra. A titulação alienável da terra passa a ser
prioritária para que, em um futuro próximo, possa entrar em operação o
mercado de terras. O Banco denomina tais projetos de administração da terra
e em diferentes países podem ser chamados de titulação, registro ou
mapeamento. Para o Banco, sem a existência de um mercado de terras é
impossível a transferência de terras para os mais pobres, nem
investimentos nas áreas rurais, os produtores necessitam da garantia dos
empréstimos da mesma forma que os investidores precisam da garantia dos
pagamentos. Nesta lógica, a segurança do direito de propriedade da
terra possibilitaria sua oferta como garantia e/ou estímulo nas
operações financeiras.
Com a administração da terra
é possível fazer um balanço da sua oferta e procura. Tal medida dá
suporte a uma segunda política que é a de privatização de terras
públicas e comunais, implementada sob a forma de concessões a
corporações que se comprometem a realizar investimentos nas áreas rurais
e/ou realizar um tipo de reforma agrária orientada pelo Banco. A
terceira política institui o direito legal de vender, alugar, arrendar
ou hipotecar as terras como garantia de empréstimo. Como os títulos da
terra passam a ser alienáveis, caso o camponês não consiga pagar os
empréstimos pode perder a terra.
A terra pode ainda servir como moeda em um empreendimento, no qual os
capitalistas entram com os investimentos e o camponês com a terra. No
caso do fracasso do empreendimento todos perdem. O capitalista o
montante investido e o camponês a terra. Evidentemente que perde mais
quem investiu tudo o que tinha, mesmo que pareça pouco do ponto de vista
de quem tinha mais. Para o camponês que só tem a terra, perdê-la é ser
reduzido à completa miséria. Com este tipo de posse, frente aos períodos
de alta dos preços da terra ou de baixas da safra, os camponeses podem
vender suas terras. Ocorre que, ao vender este bem, tão logo o dinheiro
acaba, ficam sem a terra e sem emprego, portanto mais empobrecidos.
Na
atualidade a intensidade da luta pela terra tem amedrontado os
capitalistas do campo e da cidade. Isto porque os trabalhadores
reivindicam a expropriação dos latifúndios e sua redistribuição entre
trabalhadores sem-terra. Neste projeto a terra de trabalho tem
centralidade na garantia da reprodução do conjunto destas famílias, em
detrimento da terra de negócio, voltada para a especulação, para
realização do lucro, do rentismo fundiário. No intuito de controlar o
problema (sem solucioná-lo) a classe dos proprietários tem adotado
diferentes posturas, dentre elas a tentativa de esvaziar o conteúdo
político da questão agrária.
Nesse
sentido, foram introduzidas no Brasil as políticas de terras, inicialmente no estado do Ceará,localizado na região
nordeste do país, durante o primeiro mandato do governador Tasso
Jereissati
em 1987. Nesta primeira experiência foi criado o Projeto de Combate à
Pobreza Rural, que com o intuito de se aproximar das pessoas, utilizou o
codinome de Projeto São José, santo reverenciado pelo campesinato
nordestino, que no catolicismo popular é o responsável por trazer as
chuvas para a lavoura. Com o objetivo de combater e erradicar a pobreza,
o programa iniciou suas ações com o financiamento, para pequenos
agricultores, de investimentos produtivos (casa-de-farinha, fábrica de
doces, etc.), infra-estrutura (lavanderia comunitária, eletrificação
rural, etc.), e equipamentos sociais (reforma de postos de saúde,
creches comunitárias, etc.).
Em
1996, durante a segunda gestão de Jereissati, incorporou-se ao Projeto
São José um componente de ação fundiária, orientado e financiado pelo
Banco Mundial que foi denominado de Reforma Agrária Solidária – Projeto
São José (PSJ). Seu objetivo foi promover a introdução do mecanismo de
mercado na realização da reforma agrária, mediante o financiamento de
terras para trabalhadores rurais sem-terra e minifundiários. Operou
entre agosto de 1996 e dezembro de 1997 sob gestão da então Secretaria
de Agricultura e da Reforma Agrária e da Secretaria de Planejamento e
Gestão. Novamente a nomenclatura do programa busca esvaziar o conteúdo político da reforma agrária, tema tradicionalmente marcado pelo conflito, mediante a introdução do mercado como promotor de um processo pacifico e solidário.
O Programa Nacional de Crédito Fundiário criado em 2003 que
teoricamente vem como uma politica complementar a reforma agrária que
tem como objetivo apoiar os que não tem terra e os que possuem
pequenas quantidades para que possam adquiri-las por meio de crédito
em situação que não seja possível sua desapropriação para fins de
reforma agrária, ou seja, tudo pautado para o esvaziamento politico
dos movimentos de luta pela terra. Modelo de politicas assim não
aceitamos!! não queremos!! avante camaradas só a luta pela terra trará
dignidade para o campo e junto a ela a reforma agrária tão sonhada por
tantos brasileiros e heróis aqui lembrados como Osvaldão, Carlos Lamarca
e tantos comunistas que morreram para da uma vida melhor para o nosso
povo.
Reforma Agrária Já!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Edson Veriato
Direção Municipal do PCdoB de Potengi-Ceará
Direção Municipal do PCdoB de Potengi-Ceará
Coordenador do Estado do Ceará do Movimento de Luta Pela Terra-MLT
Diretor do Estado do Ceará da União da Juventude Socialista-UJS
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