Karl Marx - 1818 - 1883
Traços biográficos:
Economista, filósofo e socialista
alemão, Karl Marx nasceu em Trier em 5 de Maio de 1818 e morreu em Londres a 14
de Março de 1883. Estudou na universidade de Berlim, principalmente a filosofia
hegeliana, e formou-se em Iena, em 1841, com a tese Sobre as diferenças da
filosofia da natureza de Demócrito e de Epicuro. Em 1842 assumiu a chefia da
redação do Jornal Renano em Colônia, onde seus artigos radical-democratas
irritaram as autoridades. Em 1843, mudou-se para Paris, editando em 1844 o
primeiro volume dos Anais Germânico-Franceses, órgão principal dos
hegelianos da esquerda. Entretanto, rompeu logo com os líderes deste movimento,
Bruno Bauer e Ruge.
Em 1844, conheceu em Paris Friedrich
Engels, começo de uma amizade íntima durante a vida toda. Foi, no ano seguinte,
expulso da França, radicando-se em Bruxelas e participando de organizações
clandestinas de operários e exilados. Ao mesmo tempo em que na França estourou a
revolução, em 24 de fevereiro de 1848, Marx e Engels publicaram o folheto O
Manifesto Comunista, primeiro esboço da teoria revolucionária que, mais
tarde, seria chamada marxista. Voltou para Paris, mas assumiu logo a chefia do
Novo Jornal Renano em colônia, primeiro jornal diário francamente socialista.
Depois da derrota de todos os
movimentos revolucionários na Europa e o fechamento do jornal, cujos redatores
foram denunciados e processados, Marx foi para Paris e daí expulso, para Londres,
onde fixou residência. Em Londres, dedicou-se a vastos estudos econômicos e
históricos, sendo freqüentador assíduo da sala de leituras do British Museum.
Escrevia artigos para jornais norte-americanos, sobre política exterior, mas sua
situação material esteve sempre muito precária. Foi generosamente ajudado por
Engels, que vivia em Manchester em boas condições financeiras.
Em 1864, Marx foi co-fundador da
Associação Internacional dos Operários, depois chamada I Internacional,
desempenhando dominante papel de direção. Em 1867 publicou o primeiro volume da
sua obra principal, O Capital. Dentro da I Internacional encontrou Marx a
oposição tenaz dos anarquistas, liderados por Bakunin, e em 1872, no Congresso
de Haia, a associação foi praticamente dissolvida. Em compensação, Marx podia
patrocinar a fundação, em 1875, do Partido Social-Democrático alemão, que foi,
porém, logo depois, proibido. Não viveu bastante para assistir às vitórias
eleitorais deste partido e de outros agrupamentos socialistas da Europa.
Primeiros trabalhos:
Entre os primeiros trabalhos de Marx, foi
antigamente considerado como o mais importante o artigo Sobre a crítica da
Filosofia do direito de Hegel, em 1844, primeiro esboço da interpretação
materialista da dialética hegeliana. Só em 1932 foram descobertos e editados em
Moscou os Manuscritos Econômico-Filosóficos, redigidos em 1844 e deixa-os
inacabados. É o esboço de um socialismo humanista, que se preocupa
principalmente com a alienação do homem; sobre a compatibilidade ou não deste
humanismo com o marxismo posterior, a discussão não está encerrada. Em 1888
publicou Engels as Teses sobre Feuerbach, redigidas por Marx em 1845,
rejeitando o materialismo teórico e reivindicando uma filosofia que, em vez de
só interpretar o mundo, também o modificaria.
Marx e Engels escreveram juntos em 1845
A Sagrada Família, contra o hegeliano Bruno Bauer e seus irmãos. Também foi
obra comum A Ideologia alemã (1845-46), que por motivo de censura não
pôde ser publicada (edição completa só em 1932); é a exposição da filosofia
marxista. Marx sozinho escreveu A Miséria da Filosofia (1847), a polêmica
veemente contra o anarquista francês Proudhon. A última obra comum de Marx e
Engels foi em 1847 O Manifesto Comunista, breve resumo do materialismo
histórico e apelo à revolução.
O 18
Brumário de Luís Bonaparte foi publicado em 1852 em jornais e em
1869 como livro. É a primeira interpretação de um acontecimento histórico no
caso o golpe de Estado de Napoleão III, pela teoria do materialismo histórico.
Entre os escritos seguintes de Marx Sobre a crítica da economia política
em 1859 é, embora breve, também uma crítica da civilização moderna, escrito de
transição entre o manuscrito de 1844 e as obras posteriores. A significação
dessa posição só foi esclarecida pela publicação (em Moscou, 1939-41, e em
Berlim, 1953) de mais uma obra inédita: Esboço de crítica da economia
política, escritos em Londres entre 1851 e 1858 e depois deixados sem
acabamento final.
Em 1867 publicou Marx o primeiro volume
de sua obra mais importante: O Capital. É um livro principalmente
econômico, resultado dos estudos no British Museum, tratando da teoria do valor,
da mais-valia, da acumulação do capital etc. Marx reuniu documentação imensa
para continuar esse volume, mas não chegou a publicá-lo. Os volumes II e III de
O Capital foram editados por Engels, em 1885 e em 1894. Outros textos foram
publicados por Karl Kautsky como volume IV (1904-10).
A FILOSOFIA DE MARX
MATERIALISMO DIALÉTICO
Baseado em Demócrito e Epicuro sobre o materialismo e em Heráclito sobre a
dialética (do grego, dois logos, duas opiniões divergentes), Marx defende
o materialismo dialético, tentando superar o pensamento de Hegel e Feuerbach.
A dialética hegeliana era a dialética
do idealismo (doutrina filosófica que nega a realidade individual das coisas
distintas do "eu" e só lhes admite a idéia), e a dialética do materialismo é
posição filosófica que considera a matéria como a única realidade e que nega a
existência da alma, de outra vida e de Deus. Ambas sustentam que realidade e
pensamento são a mesma coisa: as leis do pensamento são as leis da realidade. A
realidade é contraditória, mas a contradição supera-se na síntese que é a
"verdade" dos momentos superados. Hegel considerava ontologicamente (do grego
onto + logos; parte da metafísica, que estuda o ser em geral e suas
propriedades transcendentais ) a contradição (antítese) e a superação (síntese);
Marx considerava historicamente como contradição de classes vinculada a certo
tipo de organização social. Hegel apresentava uma filosofia que procurava
demonstrar a perfeição do que existia (divinização da estrutura vigente); Marx
apresentava uma filosofia revolucionária que procurava demonstrar as
contradições internas da sociedade de classes e as exigências de superação.
Ludwig Feuerbach procurou introduzir a
dialética materialista, combatendo a doutrina hegeliana, que, a par de seu
método revolucionário concluía por uma doutrina eminentemente conservadora. Da
crítica à dialética idealista, partiu Feuerbach à crítica da Religião e da
essência do cristianismo.
Feuerbach pretendia trazer a religião
do céu para a Terra. Ao invés de haver Deus criado o homem à sua imagem e
semelhança, foi o homem quem criou Deus à sua imagem. Seu objetivo era conservar
intactos os valores morais em uma religião da humanidade, na qual o homem seria
Deus para o homem.
Adotando a dialética
hegeliana, Marx, rejeita, como Feuerbach, o idealismo, mas, ao contrário, não
procura preservar os valores do cristianismo. Se Hegel tinha identificado, no
dizer de Radbruch, o ser e o dever-ser (o Sen
e o Solene) encarando a realidade como um desenvolvimento da razão e
vendo no dever-ser
o aspecto determinante e no ser o aspecto determinado dessa unidade.
A dialética marxista postula que as
leis do pensamento correspondem às leis da realidade. A dialética não é só
pensamento: é pensamento e realidade a um só tempo. Mas, a matéria e seu
conteúdo histórico ditam a dialética do marxismo: a realidade é contraditória
com o pensamento dialético. A contradição dialética não é apenas contradição
externa, mas unidade das contradições, identidade: "a dialética é
ciência que mostra como as contradições podem ser concretamente (isto é, vir-a-ser)
idênticas, como passam uma na outra, mostrando também porque a razão não deve
tomar essas contradições como coisas mortas, petrificadas, mas como coisas vivas,
móveis, lutando uma contra a outra em e através de sua luta." (Henri
Lefebvre, Lógica formal/ Lógica dialética, trad. Carlos N. Coutinho, 1979,
p. 192). Os momentos contraditórios são situados na história com sua parcela de
verdade, mas também de erro; não se misturam, mas o conteúdo, considerado como
unilateral é recaptado e elevado a nível superior.
Marx acusou Feuerbach, afirmando que
seu humanismo e sua dialética eram estáticas: o homem de Feuerbach não tem
dimensões, está fora da sociedade e da história, é pura abstração. É
indispensável segundo Marx, compreender a realidade histórica em suas
contradições, para tentar superá-las dialeticamente. A dialética apregoa os
seguintes princípios: tudo relaciona-se (Lei da ação recíproca e da conexão
universal); tudo se transforma (lei da transformação universal e do
desenvolvimento incessante); as mudanças qualitativas são conseqüências de
revoluções quantitativas; a contradição é interna, mas os contrários se unem num
momento posterior: a luta dos contrários é o motor do pensamento e da realidade;
a materialidade do mundo; a anterioridade da matéria em relação à consciência; a
vida espiritual da sociedade como reflexo da vida material.
O materialismo dialético é uma
constante no pensamento do marxismo-leninismo (surgido como superação do
capitalismo, socialismo, ultrapassando os ensinamentos pioneiros de Feuerbach).
MATERIALISMO HISTÓRICO
Na teoria marxista, o materialismo histórico pretende a
explicação da história das sociedades humanas, em todas as épocas, através dos
fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. A sociedade é comparada a
um edifício no qual as fundações, a infra-estrutura, seriam representadas pelas
forças econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria as
idéias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc). A
propósito, Marx escreveu, na obra A Miséria da filosofia (1847) na qual
estabelece polêmica com Proudhon:
As relações sociais são inteiramente
interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens
modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as
relações sociais. O moinho a braço vos dará a sociedade com o suserano; o moinho
a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial.
Tal afirmação, defendendo rigoroso
determinismo econômico em todas as sociedades humanas, foi estabelecida por Marx
e Engels dentro do permanente clima de polêmica que mantiveram com seus
opositores, e atenuada com a afirmativa de que existe constante interação e
interdependência entre os dois níveis que compõe a estrutura social: da mesma
maneira pela qual a infra-estrutura atua sobre a superestrutura, sobre os
reflexos desta, embora, em última instância, sejam os fatores econômicos as
condições finalmente determinantes.
EXISTENCIALISMO
"O que Marx mais critica é a questão de como
compreender o que é o homem. Não é o ter consciência (ser racional), nem
tampouco ser um animal político, que confere ao homem sua singularidade, mas ser
capaz de produzir suas condições de existência, tanto material quanto ideal, que
diferencia o homem." - Jean-Paul Sartre
Numa leitura existencialista do
marxismo, segundo Jean-Paul Sartre, a essência do homem
é não ter essência, a essência do homem é algo que ele próprio constrói, ou seja,
a História. "A existência precede a essência"; nenhum ser humano nasce pronto,
mas o homem é, em sua essência, produto do meio em que vive, que é construído a
partir de suas relações sociais em que cada pessoa se encontra. Assim como o
homem produz o seu próprio ambiente, por outro lado, esta produção da condição
de existência não é livremente escolhida, mas sim, previamente determinada. O
homem pode fazer a sua História mas não pode fazer nas condições por ele
escolhidas. O homem é historicamente determinado pelas condições, logo é
responsável por todos os seus atos, pois ele é livre para escolher. Logo todas
as teorias de Marx estão fundamentadas naquilo que é o homem, ou seja, o que é a
sua existência. O Homem é condenado a ser livre.
As relações sociais do homem são tidas
pelas relações que o homem mantém com a natureza, onde desenvolve suas práticas,
ou seja, o homem se constitui a partir de seu próprio trabalho, e sua sociedade
se constitui a partir de suas condições materiais de produção, que dependem de
fatores naturais (clima, biologia, geografia...) ou seja, relação homem-Natureza,
assim como da divisão social do trabalho, sua cultura. Logo, também há a relação
homem-Natureza-Cultura.
POLÍTICA E ECONOMIA
Se analisarmos o contexto histórico do homem, nos
primórdios, perceberemos que havia um espírito de coletivismo: todos
compartilhavam da mesma terra, não havia propriedade privada; até a caça era
compartilhada por todos. As pessoas que estavam inseridas nesta comunidade
sempre se preocupavam umas com as outras, em prover as necessidades uns dos
outros. Mas com o passar do tempo, o homem, com suas descobertas territoriais,
acabou tornando inevitável as colonizações e, portanto, o escravismo, por causa
de sua ambição. O escravo servia exclusivamente ao seu senhor, produzia para ele
e o seu viver era em função dele.
O coletivismo dos índios acabou; e o escravismo se transformou numa nova
relação: agora o escravo trabalhava menos para seu senhor, e por seu trabalho
conquistava um pedaço de terra para sua subsistência, ou seja, o servo
trabalhava alguns dias da semana para seu senhor e outros para si. O feudalismo,
então, começava a ser implantado e difundido em todo o território europeu. Esta
relação servo-senhor feudal funcionou durante um certo período na história da
humanidade, mas, por causa de uma série de fatores e acontecimentos, entre eles
o aumento populacional, as condições de comércio (surgia a chance do servo obter
capital através de sua produção excessiva), o capitalismo mercantilista, o
feudalismo decaiu; e assim, deu espaço a um novo sistema econômico: o
capitalismo industrial (que teve seu desenvolvimento por culminar durante a
revolução industrial, com o surgimento da classe proletária). Assim, deve-se
citar a economia inglesa como ponto de partida para as teorias marxistas.
Como todo sistema tem seu período de
crise, ocasionando uma necessidade de mudança, Adam Smith (o primeiro a
incorporar ao trabalho a idéia de riqueza) desenvolve o liberalismo econômico.
Do latim liberalis, que
significa benfeitor, generoso, tem seu sentido político em oposição ao
absolutismo monárquico. Os seus principais ideais eram: o Estado devia obedecer
ao princípio da separação de poderes (executivo, legislativo e judiciário); o
regime seria representativo e parlamentar; o Estado se submeteria ao direito,
que garantiria ao indivíduo direitos e liberdades inalienáveis, especialmente o
direito de propriedades. E foi isto que fez com que cada sistema fosse
modificado.
Sobretudo também deve-se mencionar
David Ricardo, que, mais interessado no estudo da distribuição do que produção
das riquezas, estabeleceu, com base em Malthus, a lei da renda
fundiária(agrária), segundo a qual os produtos das terras férteis são produzidos
a custo menor mas vendidos ao mesmo preço dos demais, propiciando a seus
proprietários uma renda fundiária igual à diferença dos custos de produção. A
partir da teoria da renda fundiária, Ricardo elaborou a lei do preço natural dos
salários, sempre regulada pelo preço da alimentação, vestuário e outros itens
indispensáveis à manutenção do operário e seus dependentes.
Pois, como foi dito anteriormente, com
a Revolução Industrial surgiu a classe do proletariado.
A LUTA DE CLASSES
Pretendendo caracterizar não apenas uma visão econômica da história,
mas também uma visão histórica da economia, a teoria marxista também procura
explicar a evolução das relações econômicas nas sociedades humanas ao longo do
processo histórico. Haveria, segundo a concepção marxista, uma permanente
dialética das forças entre poderosos e fracos, opressores e oprimidos, a
história da humanidade seria constituída por uma permanente luta de classes,
como deixa bem claro a primeira frase do primeiro capítulo d’O
Manifesto
Comunista:
A história de toda sociedade passado é a
história da luta de classes.
Classes essas que, para Engels são "os
produtos das relações econômicas de sua época". Assim apesar das diversidades
aparentes, escravidão, servidão e capitalismo seriam essencialmente etapas
sucessivas de um processo único. A base da sociedade é a produção econômica.
Sobre esta base econômica se ergue uma superestrutura, um estado e as idéias
econômicas, sociais, políticas, morais, filosóficas e artísticas. Marx queria a
inversão da pirâmide social, ou seja, pondo no poder a maioria, os proletários,
que seria a única força capaz de destruir a sociedade capitalista e construir
uma nova sociedade, socialista.
Para Marx os trabalhadores estariam
dominados pela ideologia da classe dominante, ou seja, as idéias que eles têm do
mundo e da sociedade seriam as mesmas idéias que a burguesia espalha. O
capitalismo seria atingido por crises econômicas porque ele se tornou o
impedimento para o desenvolvimento das forças produtivas. Seria um absurdo
que a humanidade inteira se dedica-se a trabalhar e a produzir subordinada a um
punhado de grandes empresários. A economia do futuro que associaria todos os
homens e povos do planeta, só poderia ser uma produção controlada por todos os
homens e povos. Para Marx, quanto mais o mundo se unifica economicamente mais
ele necessita de socialismo.
Não basta existir uma crise econômica para que haja uma revolução. O
que é decisivo são as ações das classes sociais que, para Marx e Engels, em
todas as sociedades em que a propriedade é privada existem lutas de classes
(senhores x escravos, nobres feudais x servos, burgueses x proletariados). A
luta do proletariado do capitalismo não deveria se limitar à luta dos sindicatos
por melhores salários e condições de vida. Ela deveria também ser a luta
ideológica para que o socialismo fosse conhecido pelos trabalhadores e assumido
como luta política pela tomada do poder. Neste campo, o proletariado deveria
contar com uma arma fundamental, o partido político, o partido político
revolucionário que tivesse uma estrutura democrática e que buscasse educar os
trabalhadores e levá-los a se organizar para tomar o poder por meio de uma
revolução socialista.
Marx tentou demonstrar que no capitalismo
sempre haveria injustiça social, e que o único jeito de uma pessoa ficar rica e
ampliar sua fortuna seria explorando os trabalhadores, ou seja, o capitalismo,
de acordo com Marx é selvagem, pois o operário produz mais para o seu patrão do
que o seu próprio custo para a sociedade, e o capitalismo se apresenta
necessariamente como um regime econômico de exploração, sendo a mais-valia
a lei fundamental do sistema.
A força vendida pelo operário ao patrão vai ser utilizada não
durante 6 horas, mas durante 8, 10, 12 ou mais horas. A mais-valia é constituída
pela diferença entre o preço pelo qual o empresário compra a força de trabalho
(6 horas) e o preço pelo qual ele vende o resultado (10 horas por exemplo).
Desse modo, quanto menor o preço pago ao operário e quanto maior a duração da
jornada de trabalho, tanto maior o lucro empresarial. No capitalismo moderno,
com a redução progressiva da jornada de trabalho, o lucro empresarial seria
sustentado através do que se denomina mais-valia relativa (em oposição à
primeira forma, chamada mais-valia absoluta), que consiste em aumentar a
produtividade do trabalho, através da racionalização e aperfeiçoamento
tecnológico, mas ainda assim não deixa de ser o sistema semi-escravista, pois "o
operário cada vez se empobrece mais quando produz mais riquezas", o que faz com
que ele "se torne uma mercadoria mais vil do que as mercadorias por ele
criadas". Assim, quanto mais o mundo das coisas aumenta de valor, mais o mundo
dos homens se desvaloriza. Ocorre então a alienação, já que todo trabalho
é alienado, na medida em que se manifesta como produção de um objeto que é
alheio ao sujeito criador. O raciocínio de Marx é muito simples: ao criar algo
fora de si, o operário se nega no objeto criado. É o processo de
objetificação. Por isso, o trabalho que é alienado (porque cria algo alheio
ao sujeito criador) permanece alienado até que o valor nele incorporado pela
força de trabalho seja apropriado integralmente pelo trabalhador. Em outras
palavras, a produção representa uma negação, já que o objeto se opõe ao
sujeito e o nega na medida em que o pressupõe e até o define. A apropriação do
valor incorporado ao objeto graças à força de trabalho do sujeito-produtor,
promove a negação da negação. Ora, se a negação é alienação, a negação da
negação é a desalienação. Ou seja, a partir do momento que o sujeito-produtor dá
valor ao que produziu, ele já não está mais alienado.
Note bem: Karl Marx não "prega" a Luta de Classes,
assim como Galileu não "prega" a existência da Gravidade
ou Newton "prega" as leis que descobriu no mundo da
Física; Karl Marx CONSTATA empiricamente que existe, é um dado do concreto, e traça
metas para que a espécie humana supere este estágio
pouco civilizado de sua existência no Planeta Terra.
Pausa para um desabafo pessoal
A esta altura da leitura você, esmagado muito mais pela propaganda
do que pela verdade científica ou histórica, deve estar se perguntando:
"Mas peraí, o comunismo não acabou? O comunismo não deu certo?" Caso
seja o caso,
remeto ao magnífico trabalho do comunista peruano (que teve a vida
tristemente
ceifada cedo demais)
O Homem e o Mito, particularmente no trecho em que ele explica porque
motivos a Fé num Futuro Humanista para a Sociedade do Homo Sapiens jamais se
abala: “A cada experiência frustrada, recomeçam. Não encontraram a
solução: a encontrarão. Jamais os assalta a idéia de que a solução não exista.
Eis aí sua força”. Por outro lado e na mesma linha - talvez mal
comparando, poder-se-ia dizer que o Cristianismo fracassou rotundamente.
Imagine que o personagem histórico Jesus de Nazaré - se é que ele existiu mesmo,
há quem duvide, como Brian Fleming...
- tivesse oportunidade de verificar de perto as inúmeras e bárbaras atrocidades
perpetradas em seu nome pelos anos afora e fosse hoje procurar uma Igreja em que
sentisse seu pensamento e seus ensinamentos sendo respeitados e praticados. As
atrocidades perpetradas diuturnamente pelos cristãos constitui prova cabal de
que as idéias de Jesus estavam erradas? Pois é...
A mim causa enorme espanto que
os seguidores de um homem capaz de vergastar de azorrague, sem compaixão, os
banqueiros de sua época (ainda hoje os críticos do Capital e com muito mais
motivo chamamos os mercadores do Capital - parasitas que lucram enormes
quantidades de dinheiro com o fruto do trabalho alheio, como banqueiros e
jogadores das bolsas de valores de "vendilhões do templo", por sinal). Mas, com
o passar dos séculos os que se dizem seguidores de Jesus modificaram tanto as
teses e ensinamentos iniciais que há até teorias mirabolantes sobre o quanto o
sujeito deve ser rico e estar de bem com o Capital para se sentir e ser tratado
como um "vaso de bênção". É evidente que estes criminosos que lucram fábulas
vendendo suas religiões em templos luxuosos são ainda mais ateus do que aqueles
que ousamos assim nos pronunciar. Se acreditassem, minimamente, am alguma forma
de "Juízo Final" se aliariam tão entusiasticamente aos vendilhões do templo
humilhando todos os "profetas"? Pronto, fim da pausa para o desabafo, voltemos à
seriedade do texto.
CONCEITOS:
CAPITALISMO, SOCIALISMO, COMUNISMO E ANARQUISMO
O CAPITALISMO tem seu início na Europa. Suas características
aparecem desde a baixa idade média (do século XI ao XV) com a transferência do
centro da vida econômica social e política dos feudos para a cidade. O
feudalismo passava por uma grave crise decorrente da catástrofe demográfica
causada pela Peste Negra que dizimou 40% da população européia e pela fome que
assolava o povo. Já com o comércio reativado pelas Cruzadas(do século XI ao
XII), a Europa passou por um intenso desenvolvimento urbano e comercial e,
conseqüentemente, as relações de produção capitalistas se multiplicaram, minando
as bases do feudalismo. Na Idade Moderna, os reis expandem seu poderio econômico
e político através do mercantilismo e do absolutismo. Dentre os defensores deste
temos os filósofos Jean Bodin("os reis tinham o direito de impor leis aos
súditos sem o consentimento deles"), Jacques Bossuet ("o rei está no trono por
vontade de Deus") e Niccòlo Machiavelli("a unidade política é fundamental para a
grandeza de uma nação").
Com o absolutismo e com o mercantilismo o Estado passava a controlar
a economia e a buscar colônias para adquirir metais(metalismo) através da
exploração. Isso para garantir o enriquecimento da metrópole. Esse
enriquecimento favorece a burguesia - classe que detém os meios de produção -
que passa a contestar o poder do rei, resultando na crise do sistema
absolutista. E com as revoluções burguesas, como a Revolução Francesa e a
Revolução Inglesa, estava garantido o triunfo do capitalismo.
A partir da segunda metade do século
XVIII, com a Revolução Industrial, inicia-se um processo ininterrupto de
produção coletiva em massa, geração de lucro e acúmulo de capital. Na Europa
Ocidental, a burguesia assume o controle econômico e político. As sociedades vão
superando os tradicionais critérios da aristocracia (principalmente a do
privilégio de nascimento) e a força do capital se impõe. Surgem as primeiras
teorias econômicas: a fisiocracia e o liberalismo. Na Inglaterra, o escocês Adam
Smith (1723-1790), percursor do liberalismo econômico, publica Uma
Investigação sobre Naturezas e Causas da Riqueza das Nações, em que defende
a livre-iniciativa e a não-interferência do Estado na economia.
Deste ponto, para a atual realidade
econômica, pequenas mudanças estruturais ocorreram em nosso fúnebre sistema
capitalista.
SOCIALISMO - A História das Idéias Socialistas possui
alguns cortes de importância. O primeiro deles é entre os socialistas Utópicos e
os socialistas Científicos, marcado pela introdução das idéias de Marx e Engels
no universo das propostas de construção da nova sociedade. O avanço das idéias
marxistas consegue dar maior homogeneidade ao movimento socialista
internacional.
Pela primeira vez, trabalhadores de países
diferentes, quando pensavam em socialismo, estavam pensando numa mesma sociedade
- aquela preconizada por Marx - e numa mesma maneira de chegar ao poder.
COMUNISMO - As idéias básicas de Karl Marx estão
expressas principalmente no livro O Capital e n'O Manifesto Comunista,
obra que escreveu com Friedrich Engels, economista alemão. Marx acreditava que a
única forma de alcançar uma sociedade feliz e harmoniosa seria com os
trabalhadores no poder. Em parte, suas idéias eram uma reação às duras condições
de vida dos trabalhadores no século XIX, na França, na Inglaterra e na Alemanha.
Os trabalhadores das fábricas e das minas eram mal pagos e tinham de trabalhar
muitas horas sob condições desumanas.
Marx estava convencido que a vitória do
comunismo era inevitável. Afirmava que a história segue certas leis imutáveis, à
medida que avança de um estágio a outro. Cada estágio caracteriza-se por lutas
que conduzem a um estágio superior de desenvolvimento. O comunismo, segundo
Marx, é o último e mais alto estágio de desenvolvimento.
Para Marx, a chave para a compreensão dos
estágios do desenvolvimento é a relação entre as diferentes classes de
indivíduos na produção de bens. Afirmava que o dono da riqueza é a classe
dirigente porque usa o poder econômico e político para impor sua vontade ao
povo. Para ele, a luta de classes
é o meio pelo qual a história progride. Marx achava que a classe dirigente
jamais iria abrir mão do poder por livre e espontânea vontade e que, assim, a
luta e a violência eram inevitáveis.
O ANARQUISMO
foi a proposta
revolucionária internacional mais importante do mundo durante a segunda
metade
do século XIX e início do século XX, quando foi substituído pelo
marxismo
(comunismo). Em suma, o anarquismo prega o fim do Estado e de toda e
qualquer
forma de governo, que seriam as causas da existência dos males sociais,
que
devem ser substituídos por uma sociedade em que os homens são livres,
sem leis,
polícia, tribunais ou forças armadas. A sociedade anarquista seria
organizada de
acordo com a necessidade das comunidades, cujas relações seriam voltadas
ao auto-abastecimento sem fins lucrativos e à base de trocas. A
doutrina, que teve
em Bakunin seu grande expoente teórico, organizou-se primeiramente na
Rússia,
expandindo-se depois para o resto da Europa e também para os Estados
Unidos. O
auge de sua propagação deu-se no final do século XIX, quando agregou-se
ao
movimento sindical, dando origem ao anarco-sindicalismo, que pregava que
os
sindicatos eram os verdadeiros agentes das transformações sociais. Com o
surgimento do marxismo, entretanto, uma proposta revolucionária mais
adequada ao
quadro social vigente no século XX, o anarquismo entrou em decadência.
Sem,
contudo, deixar de ter tido sua importância histórica, como no episódio
em que
os anarquistas italianos Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti foram
executados por
assassinato em 1921, nos EUA, mesmo com as inúmeras evidências e
testemunhos que
provavam sua inocência.
REVISIONISMO
Depois da morte de Marx e Engels, a rápida industrialização da
Alemanha e o fortalecimento do partido social-democrata e dos sindicatos
melhoraram muito as condições de vida dos trabalhadores alemães, ao mesmo tempo
em que ser tornou cada vez mais improvável a esperada crise fatal do regime
capitalista. Eduard Bernstein em seu livro Os pressupostos do socialismo e as
tarefas da social-democracia, recomendou abandonar utópicas esperanças
revolucionárias e contentar-se, realisticamente com o fortalecimento do poder
político e econômico das organizações do proletariado, considerando-se que as
previsões marxistas de depauperamento progressivo(esgotar as forças de forma a
tornar-se muito pobre) das massas não se tinham verificado.
Esse "revisionismo" de Bernstein foi
combatido pela ortodoxia marxista, representada por Karl Kautsky. Mas
praticamente o revisionismo venceu de tal maneira, que a social-democracia alemã
abandonou, enfim, o marxismo.
Ficou isolada a marxista Rosa Luxemburg,
que em uma de suas obras adaptou a teoria de Marx às novas condições do
imperialismo econômico e político do séc. XX.
NEOMARXISTAS:
Fora da Rússia, houve e há várias tentativas de dar ao
marxismo outra base filosófica que o materialismo científico do séc. XIX, que já
não se afigura bastante sólido a muitos marxistas modernos. Georges Sorel
apoiando-se na filosofia do élan vital de Henri Bergson, postulou um
movimento antiparlamentar, de violência revolucionária, inspirado pelo "mito" de
uma irresistível greve geral.
Podemos dizer que o
Manifesto Comunista
fez a humanidade caminhar. Não em direção ao paraíso, mas na busca
(raramente bem sucedida, até agora) da solução de problemas como a miséria e a
exploração do trabalho. Rumo à concretização do princípio, teoricamente aceito
há 200 anos, diz que "todos os homens são iguais". E sublinhando a novidade que
afirmava que os pobres, os pequenos, os explorados também podem ser sujeitos de
suas vidas.
Por isso é um documento histórico,
testemunho da rebeldia do seres humanos. Seu texto, racional, aqui e ali
bombástico e, em diversas passagens irônico, mal esconde essa origem comum com
homens e mulheres de outros tempos: o fogo que acendeu a paixão da Liga dos
Comunistas, reunida em Londres no ano de 1847, não foi diferente do que
incendiou corações e mentes na luta contra a escravidão clássica, contra a
servidão medieval, contra o obscurantismo religioso e contra todas as formas de
opressão.
A Liga dos Comunistas encomendou a Marx e
a Engels a elaboração de um texto que tornasse claros os objetivos dela e sua
maneira de ver o mundo. E isto foi feito pelos dois jovens, um de 30 e o outro
de 28 anos. Portanto, o Manifesto Comunista é um conjunto afirmativo de idéias, de "verdades" em que os revolucionários da época acreditavam, por
conterem, segundo eles, elementos científicos – um tanto economicistas – para a
compreensão das transformações sociais. Nesse sentido, o Manifesto é mais
um monumento do que um documento... Pétreo, determinante, forte: letras,
palavras, e frases que queriam Ter o poder de uma arma para mudar o mundo,
colocando no lugar "da velha sociedade burguesa uma associação na qual o livre
desenvolvimento de cada membro é a condição para o desenvolvimento de todos."
O Manifesto tem uma estrutura
simples, pois trata-se, como o nome diz, de um "Manifesto", não é uma obra de
aprofundamento teórico, tema da Obra Enciclopédica de Karl Marx, com ênfase ao
"Capital"; o "Manifesto" conta com uma breve introdução, três capítulos e uma rápida conclusão,
portanto.
A introdução fala com um certo
orgulho, do medo que o comunismo causa nos conservadores. O "fantasma" do
comunismo assusta os poderosos e une, em uma "santa aliança", todas as potências
da época. É a velha "satanização" do adversário, que está "fora da ordem", do
"desobediente". Mas o texto mostra o lado positivo disso: o reconhecimento da
força do comunismo. Se assusta tanto, é porque tem alguma presença. Daí a
necessidade de expor o modo comunista de ver o mundo e explicar suas
finalidades, tão deturpadas por aqueles que o "demonizam".
A parte I, denominada "Burgueses e Proletários", faz um
resumo da história da humanidade até os dias de então, quando duas classes
sociais antagônicas (as que titulam o capítulo) dominam o cenário.
A grande contribuição deste capítulo
talvez seja a descrição das enormes transformações que a burguesia industrial
provocava no mundo, representando "na história um papel essencialmente
revolucionário".
Com a argúcia de quem manejava com
destreza instrumentos de análise socioeconômica muito originais na época, Marx e
Engels relatam (com sincera admiração !) o fenômeno da globalização que a
burguesia implementava, mundializando o comércio, a navegação, os meios de
comunicação.
O Manifesto fala de ontem mas
parece dizer de hoje. O desenvolvimento capitalista libera forças produtivas
nunca vistas, "mais colossais e variadas que todas as gerações passadas em seu
conjunto". O poderio do capital que submete o trabalho é anunciado e nos faz
pensar no agora do revigoramento neoliberal: nos últimos 40 anos deste
século XX, foram produzidos mais objetos do que em toda a produção econômica
anterior, desde os primórdios da humanidade.
A revolução tecnológica e científica a que
assistimos, cujos ícones são os computadores e satélites e cujo poder hegemônico
é a burguesia, não passa de continuação daquela descrita no Manifesto ,
que "criou maravilhas maiores que as pirâmides do Egito, que os aquedutos
romanos e as catedrais góticas; conduziu expedições maiores que as antigas
migrações de povos e cruzadas". Um elogio ao dinamismo da burguesia?
Impiedoso com os setores médios da
sociedade – já minoritários nas formações sociais mais conhecidas da Europa - ,
o Manifesto chega a ser cruel com os desempregados, os mendigos, os
marginalizados, "essa escória das camadas mais baixas da sociedade", que pode
ser arrastada por uma revolução proletária mas, por suas condições de vida, está
predisposta a "vender-se à reação". Dá a entender que só os operários fabris
serão capazes de fazer a revolução.
A relativização do papel dos comunistas junto ao proletariado é o
aspecto mais interessante da parte II, intitulada "Proletários e Comunistas".
Depois de quase um século de dogmatismos,
partidos únicos e "de vanguarda" portadores de verdade inteira, é saudável ler
que "os comunistas não formam um partido à parte, oposto a outros partidos
operários, e não têm interesses que os separem do proletariado em geral".
Embora, sem qualquer humildade, o
Manifesto atribua aos comunistas mais decisão, avanço, lucidez e liderança
do que às outras frações que buscam representar o proletariado, seus objetivos
são tidos como comuns: a organização dos proletários para a conquista do poder
político e a destruição de supremacia burguesa.
O "fantasma" do comunismo assombrava a
Europa e o livro procura contestar, nessa parte, todos os estigmas que as
classes poderosas e influentes jogavam sobre ele. Vejamos alguns desses
estigmas, bastante atuais, e a resposta do
Manifesto:
Os comunistas querem acabar com toda a
propriedade, inclusive a pessoal !
Você já deve ter ouvido isso... Em 1989,
no Brasil, quando Lula quase chegou lá, seus adversários espalharam o boato de
que as famílias de classe média teriam que dividir suas casas com os sem-teto...
A bobagem é velha, de 150 anos. Marx e Engels responderam que queriam abolir a
propriedade burguesa, capitalista. Para os socialistas, a apropriação pessoal
dos frutos do trabalho e aqueles bens indispensáveis à vida humana eram
intocáveis. Ao que se sabe, roupas, calçados, moradia não são geradores de
lucros para quem os possui... O Manifesto a esse respeito, foi
definitivo, apesar de a propaganda anticomunista e burra não ter lhe dado
ouvidos: "O comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se de sua parte
dos produtos sociais, tira apenas o poder de escravizar o trabalho de outrem por
meio dessa apropriação."
Os comunistas querem acabar com a família e com a educação !
Sempre há alguém pronto para falar do comunista "comedor de
criancinha". Ao ouvir isso, não deixe de indagar se uma família pode viver com o
salário mínimo, o pai e mão desempregados e uma moradia sem fornecimento de água
e sem luz. E se uma criança pode ser educada para a vida numa escola pública
abandonada pelo governo, que finge que paga aos professores e funcionários. Na
sociedade capitalista a educação é, ela própria, um comércio, uma atividade
lucrativa...
Os comunistas querem socializar as
mulheres !
Essa fazia parte do catecismo de "satanização"
das idéias socialistas. "Para o burguês, sua mulher nada mais é que um
instrumento de produção. Ouvindo dizer que os instrumento de produção serão
postos em comum, ele conclui naturalmente que haverá comunidade de mulheres. O
burguês não desconfia que se trata precisamente de dar à mulher outro papel que
o de simples instrumento de produção." É bom lembrar que alguns socialistas, até
hoje, não conseguiram aceitar essa nova compreensão da mulher. O sexismo nega o
marxismo...
A parte III, denominada "Literatura
Socialista e Comunista" faz fortes críticas às diferentes correntes
socialistas da época.
O Manifesto corta com a
afiada faca da ironia três tipos de socialismo da época: o "socialismo
reacionário" (subdividido em socialismo feudal, socialismo pequeno-burguês e
socialismo alemão, o "socialismo conservador e burguês" e o "socialismo e
comunismo crítico-utópico".
Nesse capítulo a obra mostra seu caráter
temporal, quase local. Revela sua profunda imersão na efervescência das idéias e
combates daquela época, quando a aristocracia, para salvar os dedos já sem seus
ricos anéis, condena a burguesia e, numa súbita generosidade, tece loas a um
vago socialismo.
A conclusão, "Posição dos Comunistas Diante dos Diferentes
Partidos de Oposição" é um relato das táticas adotadas naquele momento pelos
comunistas, na França, na Suíça, na Polônia e na Alemanha. Estados Unidos e
Rússia, que viviam momentos de alta tensão social e política, não são
mencionados, como reconheceu Engels em maio de 1890, ao destacar com sinceridade
"o quanto era estreito o terreno de ação do movimento proletário no momento da
primeira publicação do Manifesto em fevereiro de 1848".
O Manifesto Comunista como não
poderia deixar de ser, termina triunfalista e animando. Não quer espiritualizar
e sim emocionar para a luta. Curiosamente, retoma a idéia do "fantasma", ao
desejar que "as classes dominantes tremam diante da idéia de uma revolução
comunista". Os proletários, que têm um mundo a ganhar com a revolução, também
são, afinal, conclamados, na célebre frase, que tantos sonhos, projetos de vida
e revoluções sociais já inspirou:
"PROLETÁRIOS DE TODOS OS PAÍSES, UNI-VOS !" Atitude Revolucionaria Socialista ARS |
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