Lênin
Lênin adaptou e aplicou o marxismo à realidade russa do século 20
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Lênin era filho de Ilia Ulianov, um alto funcionário do governo russo,
quase um membro da nobreza. Sua origem familiar, tanto pelo lado paterno
quanto materno, foi sempre um grande embaraço aos biógrafos da Rússia
pós-Revolução Soviética, pois além da posição social, o fundador da União Soviética tinha ascendência de mongóis e judeus.
Durante a adolescência, orgulhava-se das suas origens nobres, segundo o historiador Orlando Figes, da Universidade de Cambridge, um dos maiores estudiosos da história da Rússia. Somente com a execução do irmão Alexandre - envolvido em um grupo terrorista que tentou assassinar o czar - foi despertada a ira de Vladimir Ulianov contra o regime autocrático em seu país.
Sua atividade revolucionária teve início na década de 1890, quando formou um grupo marxista em São Petersburgo (depois Petrogrado), no qual conheceu Nadejda Krupskaya, que viria a se tornar sua esposa. A tarefa que Lênin tomou para si, inicialmente, foi adaptar a teoria marxista do século 19 à realidade russa do século 20 e provar que - ao contrário das teses de Marx - uma revolução comunista era possível também num país como a Rússia, onde o capitalismo mal dava seus primeiros passos.
Além disso, propôs a tese do "centralismo democrático", segundo a qual os marxistas podem discutir livremente entre si antes de agir, mas, na hora da ação, sua obrigação é obedecer, com disciplina militar, à liderança partidária.
Eram vários os grupos revolucionários que atuavam na Rússia no início do século 20. Lênin tentou promover a união dos marxistas russos, mas suas posições duras e radicais acabaram por dividir o Partido Social Democrata Russo em duas facções, o grupo menchevique, de caráter mais moderado, e o grupo bolchevique, leninista e radical.
A chamada revolução russa, de 1917, aconteceu em meio à Primeira Guerra Mundial, da qual a Rússia participava e de maneira desastrosa. Esse foi o grande estopim do descontentamento popular contra o governo czarista, que viu seus próprios soldados se voltarem contra si. Foram os jovens soldados, mais do que os camponeses e operários, que promoveram a revolução democrática de março de 1917, que acabou levando ao poder o líder menchevique Alexander Kerensky, que, sob o título de Ministro-presidente, proclamou a República na Rússia.
O governo provisório de Kerensky, no entanto, não retirou o país da guerra, de modo que ele permaneceu num estado anárquico, marcado pela disputa de poder entre os sovietes (conselhos populares), pelas greves, pelas manifestações de protesto e pelos motins dos soldados. Nessa atmosfera, Lênin e seus partidários, Stálin e Trotsky, reivindicavam "todo o poder aos sovietes "e comandaram uma insurreição que depôs Kerensky e elegeu o primeiro governo soviético, constituído exclusivamente por bolcheviques.
Era o início da ditadura de um partido único, que esmagaria com violência qualquer oposição. Para isso, Lênin criou a Tcheka - uma polícia política secreta, cujos espiões não só tinham plenos poderes como deles usavam e abusavam.
O novo regime promoveu o armistício com a Alemanha, em março de 1918, mas a Rússia já se encontrava em estado de guerra civil, com os "brancos" (contra-revolucionários) enfrentando os "vermelhos". Para enfrentar a situação, Lênin instituiu o chamado "comunismo de guerra" (1918-1921), mas a situação só começou a se amenizar quando ele organizou a NEP (Nova Política Econômica), que marcou um retorno parcial à economia capitalista.
Em maio de 1922, Lênin foi acometido por uma crise de hemiplegia e teve de se afastar do poder, pelo qual competiam seus companheiros mais próximos, Stálin e Trotsky, adversários ideológicos e pessoais. Lênin morreu dois anos depois.
Atribuídos exclusivamente a seu sucessor, Stálin, pelos intelectuais ocidentais durante décadas, o caráter ditatorial e os crimes políticos do governo de Lênin só foram revelados (e ainda parcialmente) com o fim do regime soviético em 1991.
Em 16 de abril de 1917, Vladímir Lenin (ou Lênin), líder da
facção bolchevique do Partido Social-Democrata Russo, retorna a
Petrogrado após uma década de permanência no exílio para assumir as
rédeas da revolução russa. Um mês antes, o czar Nicolau II havia sido
tirado do poder quando tropas do exército russo juntaram-se a uma
revolta dos trabalhadores em Petrogrado (hoje São Petersburgo), a
capital russa.
Nascido Vladímir Ilhitch Uliánov em 1870, Lenin foi atraído para a causa revolucionária após a execução de seu irmão em 1887 acusado de participar da conspiração para assassinar o czar Alexandre III. Estudou direito e exerceu a profissão em Petrogrado (à época São. Petersburgo), onde se juntou aos círculos revolucionários marxistas. Em 1895, ajudou a organizar grupos marxistas em torno de uma entidade denominada “União para a Luta pela Libertação da Classe Operária” na tentativa de recrutar trabalhadores para a causa marxista. Em dezembro de 1895, Lenin e outros dirigentes da União foram presos. Lenin ficou preso por um ano e depois enviado à Sibéria onde permaneceu preso por mais três anos.
Terminado o exílio, em 1900, Lenin viajou à Europa Ocidental onde prosseguiu em suas atividades revolucionárias. Foi nesse período que adotou o pseudônimo Lenin. Em 1902, publicou um panfleto intitulado “O Que Fazer?”, em que defende que somente um partido disciplinado, formado por revolucionários profissionais, poderia trazer o socialismo à Rússia. Em 1903, encontrou-se com outros marxistas russos em Londres, quando criaram o Partido Social-Democrático dos Trabalhadores Russos. Entretanto, desde o nascedouro havia uma cisão entre os bolcheviques (majoritários) de Lenin que defendiam a ação revolucionária ativa e os Mencheviques que defendiam um movimento reformista em direção ao socialismo. Esses dois grupos permaneciam no mesmo partido porém em crescente confrontação até que em 1912, Lênin proclama um racha definitivo, criando o Partido Bolchevique.
Após a eclosão da revolução de janeiro de 1905, Lenin retornou à Rússia. A revolução que consistia principalmente de greves que estouravam em muitos lugares do império russo, chegou ao fim quando Nicolau II prometeu reformas, inclusive a adoção de uma constituição e o estabelecimento de um parlamento eleito pelo povo. Porém, uma vez restaurada a ordem, o czar anulou a maioria dessas reformas e em 1907 Lenin teve de novo de voltar ao exílio.
Lenin opôs-se à Primeira Guerra Mundial, que começou em 1914, afirmando que se tratava de um conflito entre potências imperialistas, conclamando os soldados filhos do proletariado a voltar suas armas contra os líderes capitalistas que os estavam enviando como carne de canhão para morrer nas trincheiras. Para a Rússia, esta guerra se constituía num desastre sem precedentes: as baixas russas eram maiores do que qualquer outra nação em qualquer das guerras anteriores. Enquanto isso, a economia encontrava-se totalmente destroçada em virtude do custo do esforço de guerra. Em fevereiro de 1917, distúrbios e greves eclodiram em Petrogrado devido à escassez de alimentos. As desmoralizadas tropas uniram-se aos grevistas e em 15 daquele mês o czar abdicou, pondo fim a séculos de governo czarista. Como consequência da Revolução de Fevereiro, o poder foi dividido entre o ineficaz Governo Provisório de Kerensky e os sovietes, conselhos de soldados e operários.
Após a irrupção da Revolução de Fevereiro, as autoridades alemãs permitiram que Lenin e seus auxiliares diretos atravessassem a Alemanha a caminho da Suíça para a Suécia em um vagão férreo blindado. Berlim esperava que o retorno dos socialistas anti-guerra à Rússia solapasse o esforço de guerra russo, que prosseguia sob a administração do governo provisório. A Rússia que participava da Tríplice Entente com Reino Unido e França era inimiga da Alemanha, esta aliada à Itália e ao Império Austro-Húngaro, na Primeira Guerra Mundial. Lenin conclamava pela derrubada do governo de Kerensky pelos sovietes, sendo por isso acoimado de “agente alemão” pelos dirigentes governamentais. Em julho viu-se obrigado a fugir para a Finlândia, porém seu lema por “paz, terra e pão” passa a ter um crescente apoio popular e os bolcheviques passam a ter maioria no soviete de Petrogrado. No começo de outubro, Lenin regressa secretamente a Petrogrado para no final do mês comandar a tomada do Palácio de Inverno pelos guardas vermelhos e a consequente derrubada do governo provisório. Com o triunfo da Revolução de Outubro, Lenin e seu Partido Bolchevique assumem o poder.
Lenin tornou-se o chefe indiscutível do primeiro Estado proletário da História. Seu governo assinou a paz com a Alemanha, nacionalizou a indústria e distribuiu a terra. Mas, no começo de 1918, teve de enfrentar uma devastadora guerra civil contra o Exército Branco partidário do czarismo e contra tropas de 13 nações ocidentais. Em 1920, todas essas forces estavam derrotadas pelo Exército Vermelho e em 1922 era criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Após a morte de Lenin, no começo de 1924, seu corpo foi embalsamado e colocado num mausoleu perto do Kremlin. Petrogrado trocou de nome para Leningrado em sua homenagem. Depois de uma luta intestina pela sua sucessão, Joseph Stalin sucedeu-o como chefe da União Soviética.
Atitude Revolucionaria Socialista
ARS
Durante a adolescência, orgulhava-se das suas origens nobres, segundo o historiador Orlando Figes, da Universidade de Cambridge, um dos maiores estudiosos da história da Rússia. Somente com a execução do irmão Alexandre - envolvido em um grupo terrorista que tentou assassinar o czar - foi despertada a ira de Vladimir Ulianov contra o regime autocrático em seu país.
Sua atividade revolucionária teve início na década de 1890, quando formou um grupo marxista em São Petersburgo (depois Petrogrado), no qual conheceu Nadejda Krupskaya, que viria a se tornar sua esposa. A tarefa que Lênin tomou para si, inicialmente, foi adaptar a teoria marxista do século 19 à realidade russa do século 20 e provar que - ao contrário das teses de Marx - uma revolução comunista era possível também num país como a Rússia, onde o capitalismo mal dava seus primeiros passos.
Além disso, propôs a tese do "centralismo democrático", segundo a qual os marxistas podem discutir livremente entre si antes de agir, mas, na hora da ação, sua obrigação é obedecer, com disciplina militar, à liderança partidária.
Eram vários os grupos revolucionários que atuavam na Rússia no início do século 20. Lênin tentou promover a união dos marxistas russos, mas suas posições duras e radicais acabaram por dividir o Partido Social Democrata Russo em duas facções, o grupo menchevique, de caráter mais moderado, e o grupo bolchevique, leninista e radical.
A chamada revolução russa, de 1917, aconteceu em meio à Primeira Guerra Mundial, da qual a Rússia participava e de maneira desastrosa. Esse foi o grande estopim do descontentamento popular contra o governo czarista, que viu seus próprios soldados se voltarem contra si. Foram os jovens soldados, mais do que os camponeses e operários, que promoveram a revolução democrática de março de 1917, que acabou levando ao poder o líder menchevique Alexander Kerensky, que, sob o título de Ministro-presidente, proclamou a República na Rússia.
O governo provisório de Kerensky, no entanto, não retirou o país da guerra, de modo que ele permaneceu num estado anárquico, marcado pela disputa de poder entre os sovietes (conselhos populares), pelas greves, pelas manifestações de protesto e pelos motins dos soldados. Nessa atmosfera, Lênin e seus partidários, Stálin e Trotsky, reivindicavam "todo o poder aos sovietes "e comandaram uma insurreição que depôs Kerensky e elegeu o primeiro governo soviético, constituído exclusivamente por bolcheviques.
Era o início da ditadura de um partido único, que esmagaria com violência qualquer oposição. Para isso, Lênin criou a Tcheka - uma polícia política secreta, cujos espiões não só tinham plenos poderes como deles usavam e abusavam.
O novo regime promoveu o armistício com a Alemanha, em março de 1918, mas a Rússia já se encontrava em estado de guerra civil, com os "brancos" (contra-revolucionários) enfrentando os "vermelhos". Para enfrentar a situação, Lênin instituiu o chamado "comunismo de guerra" (1918-1921), mas a situação só começou a se amenizar quando ele organizou a NEP (Nova Política Econômica), que marcou um retorno parcial à economia capitalista.
Em maio de 1922, Lênin foi acometido por uma crise de hemiplegia e teve de se afastar do poder, pelo qual competiam seus companheiros mais próximos, Stálin e Trotsky, adversários ideológicos e pessoais. Lênin morreu dois anos depois.
Atribuídos exclusivamente a seu sucessor, Stálin, pelos intelectuais ocidentais durante décadas, o caráter ditatorial e os crimes políticos do governo de Lênin só foram revelados (e ainda parcialmente) com o fim do regime soviético em 1991.
História: Lenin volta do exílio para organizar Revolução
Em 16 de abril de 1917, Vladímir Lenin (ou Lênin), líder da
facção bolchevique do Partido Social-Democrata Russo, retorna a
Petrogrado após uma década de permanência no exílio para assumir as
rédeas da revolução russa. Um mês antes, o czar Nicolau II havia sido
tirado do poder quando tropas do exército russo juntaram-se a uma
revolta dos trabalhadores em Petrogrado (hoje São Petersburgo), a
capital russa.
Por Max Altamn, para o Opera Mundi
Nascido Vladímir Ilhitch Uliánov em 1870, Lenin foi atraído para a causa revolucionária após a execução de seu irmão em 1887 acusado de participar da conspiração para assassinar o czar Alexandre III. Estudou direito e exerceu a profissão em Petrogrado (à época São. Petersburgo), onde se juntou aos círculos revolucionários marxistas. Em 1895, ajudou a organizar grupos marxistas em torno de uma entidade denominada “União para a Luta pela Libertação da Classe Operária” na tentativa de recrutar trabalhadores para a causa marxista. Em dezembro de 1895, Lenin e outros dirigentes da União foram presos. Lenin ficou preso por um ano e depois enviado à Sibéria onde permaneceu preso por mais três anos.
Terminado o exílio, em 1900, Lenin viajou à Europa Ocidental onde prosseguiu em suas atividades revolucionárias. Foi nesse período que adotou o pseudônimo Lenin. Em 1902, publicou um panfleto intitulado “O Que Fazer?”, em que defende que somente um partido disciplinado, formado por revolucionários profissionais, poderia trazer o socialismo à Rússia. Em 1903, encontrou-se com outros marxistas russos em Londres, quando criaram o Partido Social-Democrático dos Trabalhadores Russos. Entretanto, desde o nascedouro havia uma cisão entre os bolcheviques (majoritários) de Lenin que defendiam a ação revolucionária ativa e os Mencheviques que defendiam um movimento reformista em direção ao socialismo. Esses dois grupos permaneciam no mesmo partido porém em crescente confrontação até que em 1912, Lênin proclama um racha definitivo, criando o Partido Bolchevique.
Após a eclosão da revolução de janeiro de 1905, Lenin retornou à Rússia. A revolução que consistia principalmente de greves que estouravam em muitos lugares do império russo, chegou ao fim quando Nicolau II prometeu reformas, inclusive a adoção de uma constituição e o estabelecimento de um parlamento eleito pelo povo. Porém, uma vez restaurada a ordem, o czar anulou a maioria dessas reformas e em 1907 Lenin teve de novo de voltar ao exílio.
Lenin opôs-se à Primeira Guerra Mundial, que começou em 1914, afirmando que se tratava de um conflito entre potências imperialistas, conclamando os soldados filhos do proletariado a voltar suas armas contra os líderes capitalistas que os estavam enviando como carne de canhão para morrer nas trincheiras. Para a Rússia, esta guerra se constituía num desastre sem precedentes: as baixas russas eram maiores do que qualquer outra nação em qualquer das guerras anteriores. Enquanto isso, a economia encontrava-se totalmente destroçada em virtude do custo do esforço de guerra. Em fevereiro de 1917, distúrbios e greves eclodiram em Petrogrado devido à escassez de alimentos. As desmoralizadas tropas uniram-se aos grevistas e em 15 daquele mês o czar abdicou, pondo fim a séculos de governo czarista. Como consequência da Revolução de Fevereiro, o poder foi dividido entre o ineficaz Governo Provisório de Kerensky e os sovietes, conselhos de soldados e operários.
Após a irrupção da Revolução de Fevereiro, as autoridades alemãs permitiram que Lenin e seus auxiliares diretos atravessassem a Alemanha a caminho da Suíça para a Suécia em um vagão férreo blindado. Berlim esperava que o retorno dos socialistas anti-guerra à Rússia solapasse o esforço de guerra russo, que prosseguia sob a administração do governo provisório. A Rússia que participava da Tríplice Entente com Reino Unido e França era inimiga da Alemanha, esta aliada à Itália e ao Império Austro-Húngaro, na Primeira Guerra Mundial. Lenin conclamava pela derrubada do governo de Kerensky pelos sovietes, sendo por isso acoimado de “agente alemão” pelos dirigentes governamentais. Em julho viu-se obrigado a fugir para a Finlândia, porém seu lema por “paz, terra e pão” passa a ter um crescente apoio popular e os bolcheviques passam a ter maioria no soviete de Petrogrado. No começo de outubro, Lenin regressa secretamente a Petrogrado para no final do mês comandar a tomada do Palácio de Inverno pelos guardas vermelhos e a consequente derrubada do governo provisório. Com o triunfo da Revolução de Outubro, Lenin e seu Partido Bolchevique assumem o poder.
Lenin tornou-se o chefe indiscutível do primeiro Estado proletário da História. Seu governo assinou a paz com a Alemanha, nacionalizou a indústria e distribuiu a terra. Mas, no começo de 1918, teve de enfrentar uma devastadora guerra civil contra o Exército Branco partidário do czarismo e contra tropas de 13 nações ocidentais. Em 1920, todas essas forces estavam derrotadas pelo Exército Vermelho e em 1922 era criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Após a morte de Lenin, no começo de 1924, seu corpo foi embalsamado e colocado num mausoleu perto do Kremlin. Petrogrado trocou de nome para Leningrado em sua homenagem. Depois de uma luta intestina pela sua sucessão, Joseph Stalin sucedeu-o como chefe da União Soviética.
Atitude Revolucionaria Socialista
ARS
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