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Bergson Gurjão Farias


Militante do PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B).

Nasceu em 17 de maio de 1947, em Fortaleza, Estado do Ceará, filho de Gessiner Farias e Luiza Gurjão Farias.

Desaparecido na Guerrilha do Araguaia. Era estudante de Química na Universidade Federal do Ceará, e vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes, em 1967. Foi preso no Congresso da UNE, em lbiúna, em 1968 e foi expulso da Faculdade com base no Decreto-lei 477. Indiciado no inquérito por participação no XXX Congresso da UNE, foi condenado em 1° de julho de 1969 pelo CPJ do Exército a 2 anos de reclusão.

Em 1968, no Ceará, foi gravemente ferido à bala na cabeça quando participava de manifestações estudantis. Refeito dos ferimentos e sob feroz perseguição, foi para o interior, indo residir na região de Caianos, onde continuou suas atividades políticas.

Ferido em combate, em 8 de maio de 1972. Seu corpo foi levado para Xambioá, todo deformado, tendo sido dependurado em uma árvore, com a cabeça para baixo, a qual era chutada constantemente pelos paraquedistas mobilizados na caça aos guerrilheiros.

Segundo depoimento de Dower Cavalcanti, ex-guerrilheiro já falecido, o General Bandeira de Melo lhe dissera que Bergson estaria enterrado no Cemitério de Xambioá.

O Relatório do Ministério da Marinha diz que em “junho de 1972, foi morto...”

Seu desaparecimento foi denunciado em juízo, em 1972 e 1973 pelos presos políticos José Genoino Neto e Dower Moraes Cavalcante. Genoíno afirma que o corpo de Bergson lhe foi mostrado durante um de seus interrogatórios e que sabia que ele estava com malária, tendo sido morto a baioneta. Dower diz que foi preso e torturado junto com Bergson e que ele foi morto a baioneta.



07.07.09 - NOTA - Identificados os restos mortais de BERGSON GURJÃO FARIAS



1. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR) e a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) receberam na noite de ontem, 06/07/2009, a confirmação pelo Laboratório Genomic de que um novo exame de DNA, realizado desta vez com a tecnologia mais recente, deu resultado positivo na identificação dos restos mortais do guerrilheiro BERGSON GURJÃO FARIAS, desaparecido no Araguaia em 1972.



2. Uma assessora especial da SEDH/PR, coordenadora do programa Direito à Memória e à Verdade, foi enviada a Fortaleza (CE) na manhã de hoje e comunicou esse resultado pessoalmente aos familiares de Bergson, iniciando preparativos para o traslado e devidas homenagens na realização do funeral, em data a ser definida.



3. A SEDH/PR e a CEMDP decidiram encomendar esse novo exame, de resultado positivo, imediatamente após discursos do deputado Pompeo de Mattos, da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, proferidos na reunião dessa Comissão e também no plenário da Casa. A imprensa noticiou que o deputado exigiu providências urgentes a respeito das ossadas exumadas na região do Araguaia desde 1991. O parlamentar destacou que um exame solicitado por ele, quando presidente da Comissão de Direitos Humanos, ao perito criminal Domingos Tocchetto, apontava fortes indícios científicos de que uma das ossadas, catalogada como Xambioá 2, correspondia aos restos mortais de Bergson Gurjão Farias.



4. Em anexo a esta nota, a SEDH/PR e a CEMDP distribuem uma súmula, detalhando as informações pertinentes a cada uma das ossadas exumadas que estão ou já estiveram sob sua guarda, esperando novos exames, novas informações, novos documentos e novas diligências a serem realizadas naquela região.



5. Nessa súmula, constam os resultados de todos os exames anteriores de DNA, inclusive um resultado negativo e um resultado não-conclusivo para a mesma ossada agora identificada, com precisão científica, como sendo de Bergson Gurjão Farias.



6. O Laboratório Genomic informou, na data de hoje, que o resultado positivo foi obtido a partir de uma tecnologia inovadora para análise de DNA forense, denominada SNP (single nucleotide polymorphisms), o que levará a SEDH/PR e a CEMDP a providenciarem, imediatamente, a realização de novo exame, com essa mesma tecnologia, em todas as demais ossadas mencionadas no item anterior, na esperança de que novos resultados sejam igualmente positivos.



7. A SEDH/PR e a CEMDP rendem tributo a mais este brasileiro que entregou sua vida à causa da justiça e da liberdade, bem como a sua perseverante família, que, finalmente, 37 anos após sofrer a perda irreparável e, durante quase três décadas bater em tod as as portas, terá pelo menos respeitado o direito milenar e sagrado de prantear seu ente querido e dar-lhe sepultura digna, sob profunda admiração de todos os que lutam pela defesa dos Direitos Humanos em nosso país.



8. Esse resultado vale como reafirmação e comprovação de que é indispensável valorizar e apoiar a luta persistente dos familiares de mortos e desaparecidos políticos, bem como redobrar esforços dos poderes públicos para que o Estado brasileiro, finalmente, resgate mais essa dívida histórica ainda pendente. Quer seja, elucidação completa, com abertura de todas as informações, todos os arquivos e apresentação de uma narrativa oficial definitiva sobre todas as violações de Direitos Humanos – torturas, execuções e desaparecimentos, seus responsáveis, agentes, locais e datas – no triste período 1964-1985.



9. Fica ressaltada, também, a importância de retomar as buscas de todos os restos mortais de guerrilheiros mortos no Araguaia, bem como dos que morreram em outras regiões do País, naquele mesmo período, combatendo pela democracia. Entre tantos outros lutadores, Rubens Paiva, Honestino Guimarães, Heleny Guariba, David Capistrano da Costa, Ana Rosa Kucinsky Silva, Paulo Wright, Mário Alves, Isis Dias de Oliveira, Fernando Santa Cruz, Stuart Edgard Angel Jones, Ruy Frazão, Maria Augusta Thomaz, José Carlos Novaes da Mata Machado e Luiz Ignácio Maranhão Filho. Para que também seus familiares tenham respeitado o elementar direito conquistado, na data de hoje, pelos familiares de Bergson Gurjão Farias e por todos os que se irmanaram nessa causa histórica.



Brasília, 7 de julho de 2009

Marco Antonio Rodrigues Barbosa

Presidente da CEMDP

Paulo Vannuchi

Ministro da SEDH/PR



Jornal O POVO (Fortaleza-Ceará)

Coluna Concidadania



De ditadura e concordata

Valdemar Menezes

11 Jul 2009 - 18h51min



A identificação dos despojos mortais do estudante Bergson Gurjão, morto durante a repressão à Guerrilha do Araguaia, fecha uma página dolorosa, vivenciada há mais de três décadas por familiares e amigos desse bravo jovem cearense. Quando acontecer seu enterro, os democratas do Ceará prometem dar-lhe uma recepção grandiosa que, ao menos simbolicamente, possa traduzir uma reparação mínima a tudo que sofreu, por ser envolvido de maneira tão trágica pelo turbilhão de violências que se desencadeou no Brasil a partir da demolição do Estado Democrático de Direito, pelos que o golpearam.



BICHO PAPÃO

Hoje, vê-se o quanto foi equivocada a posição dos que quiseram negar aos comunistas brasileiros o direito de disputar livremente com outros partidos a preferência do eleitorado (como fazem hoje, e como sempre ocorreu nos países democráticos). O golpe militar de 64 empurrou-os ainda mais para a clandestinidade e, junto com eles, todos os que não se submeteram à ditadura. Como o que valia não era mais o voto, mas as armas, militantes comunistas, nacionalistas, socialistas e cristãos tiveram de pegar em armas para tentar derrubar a ditadura e reinstaurar o Estado Democrático de Direito e assim poderem defender seu projeto político, livremente, como fazem hoje. Bergson foi um dos heróis dessa resistência e deve ser tratado como tal.

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