Militar dá a Comissão da Verdade detalhes de ação de Brilhante Ustra
Muita tensão marcou a tomada de depoimentos nesta 6ª feira pela Comissão
Nacional da Verdade (CNV) de militares que participaram da repressão
política durante a ditadura militar. Foram ouvidos o coronel do Exército
Carlos Alberto Brilhante Ustra e o sargento Marival Chaves, ambos com
atuação no DOI-CODI nos anos de chumbo do regime militar - 1970 a 1974.
Foi a 1ª audiência pública realizada pela comissão nacional. Os momentos
de maior tensão foram protagonizados pelo coronel Ustra e o vereador
paulistano e ex-presopolítico Gilberto Natalini (PV). Quando questionado
sobre a tortura infringida a Natalini, Ustra negou e disse que não
responderia a terrorista. “Sou um brasileiro de bem. O senhor é que é
terrorista. Eu fui torturado pelo coronel Ustra”, rebateu o vereador.
Ustra participava das sessões de tortura, diz militar do DOI
Apoiadores do coronel, protestaram e também tumultuaram a sessão. O
tumulto interrompeu a audiência na qual Ustra negou que tenha havido
tortura, sequestro, ocultação de cadáver e mortes durante sua passagem
pelo DOI-CODI-São Paulo. Em depoimento prestado antes da fala de ustra,
natalini afirmou que o coronel “sempre foi muito presente nas sessões de
tortura”.
O sargento Marival Chaves, que também atuou no DOI-CODI-São Paulo disse à
Comissão que viu corpos de militantes políticos sendo expostos como uma
espécie de troféu de guerra. Disse ter visto esse procedimento com os
corpos de Antonio Carlos Bicalho Lana e Sônia Maria Moraes Angel Jones.
O episódio, segundo ele, ocorreu no final de 1973, quando integrava o
DOI como analista de informações. "O casal foi trazido para o DOI depois
de morto e mostrado para o público interno. Eles tinham perfurações na
cabeça, nos ouvidos, em vários lugares", co ntou o militar. Ele disse,
ainda, que o comando do órgão de repressão (Ustra) “era permissivo com
este tipo de atitude”.
Centros de tortura na Serra do Mar e na Castelo Branco
Segundo Marival, isto teria ocorrido também com Yoshitane Fujimori,
outro militante cujo corpo foi exposto dentro do destacamento. O militar
denunciou, ainda, que Ustra - cujo codinome era Doutor Tibiriçá -
participava das sessões de tortura e que durante sua passagem pelo
DOI-Codi teria implantado dois centros clandestinos de tortura em São
Paulo: um na Serra do Mar e outro na Estrada de Itapevi, na Rodovia
Castello Branco.
Marival disse à comissão que não participava das sessões de tortura e
citou o sub-tenente Roberto Artone, também integrante do DOI-Codi e
homem próximo a Ustra, como uma das pessoas do núcleo duro da estrutura
de repressão. De acordo com ele, Artone poderia dar informações sobre
desaparecidos políticos.
Fonte: Blog do Zé Dirceu
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